Informo aos navegadores hostis
Toda mulher é linda, uns amores
Em seus diversos e diferentes perfis
Todos, verdadeiramente, sedutores
Como as rosas, margaridas
Exalando perfume no odor
Bromélias ou orquídeas
Todas são lindas, todas são flores
Como diz a canção do Erasmo
Eis aí uma mentira absurda
Dizer que mulher é sexo frágil
A força da mulher é que nos segura
Que nos levanta quando caímos
E nos alimenta em sorrisos e fúria
(Carlos Alberto – 08.03.2015)
Vinhetas e Calhaus
domingo, 8 de março de 2015
segunda-feira, 18 de agosto de 2014
A Moça
A moça
De rodilha
lata d’água
na cabeça
calada
todas as tardes
a bela moça
roceira
passava
Fogosa e faceira
de gravata borboleta
distribuía sorrisos
de alegria
nas manhãs de domingo
como se não fosse haver
segunda-feira
nem rodilha
domingo, 3 de agosto de 2014
nasci, cresci e me tornei um ladrão
iniciante comecei roubando flores
velho ainda quero roubar seu coração
com aquelas flores iniciei o processo
depois fui regando flores e versos
hoje junto tudo e atiro no alvo certo
seu seu, seu meu, meu e seu eternos
Que uma margarida branca
e uma dália disfarçada de rosa
se juntam para murchar o inverno
(Carlos Alberto)
iniciante comecei roubando flores
velho ainda quero roubar seu coração
com aquelas flores iniciei o processo
depois fui regando flores e versos
hoje junto tudo e atiro no alvo certo
seu seu, seu meu, meu e seu eternos
Que uma margarida branca
e uma dália disfarçada de rosa
se juntam para murchar o inverno
(Carlos Alberto)
quarta-feira, 30 de julho de 2014
Meia, Meia, Meia, Meia ou Meia?
Na
recepção de um salão de convenções, em Fortaleza:
-
Por favor, gostaria de fazer minha inscrição para o Congresso.
-
Pelo sotaque vejo que o senhor não é brasileiro. O senhor é de onde?
-
Sou do Sudão.
-
Da África, né?
-
Sim, sim, da África.
-
Aqui está cheio de africanos, vindos de toda parte do mundo.
- É
verdade. O mundo está cheio de africanos, pois a África é o berço antropológico
da humanidade.
-
Pronto, tem uma palestra agora na sala meia
oito.
-
Desculpe, qual sala?
- Meia oito.
-
Podes escrever?
-
Não sabe o que é meia oito? Sessenta e oito, assim, veja: 68.
-
Ah, entendi, meia é seis.
-
Isso mesmo, meia é seis. Mas não vá embora, só mais uma informação: A
organização do Congresso está cobrando uma pequena taxa para quem quiser ficar
com o material: DVD, apostilas, etc., gostaria de encomendar?
- Quanto tenho que
pagar?
- Dez reais. Mas
estrangeiros e estudantes pagam meia.
- Hmmm! Que bom. Ai
está: seis reais.
- Não, o senhor paga
meia. Só cinco, entendeu?
- Pago meia? Só cinco?
Meia é cinco?
- Isso, meia é cinco.
- Tá bom, meia é cinco.
- Cuidado para não se
atrasar, a palestra começa às nove e
meia.
- Então já começou há
quinze minutos, são nove e vinte.
- Não, ainda faltam
dez minutos. Como falei, só começa às nove e meia.
- Pensei que fosse às
9h05, pois meia não é cinco? Você pode escrever aqui a hora que começa?
- Nove e meia, assim,
veja: 9h30.
- Ah, entendi, meia é trinta.
- Isso, mesmo, nove e
trinta. Mais uma coisa senhor, tenho aqui um folder de um hotel que está
fazendo um preço especial para os congressistas, o senhor já está hospedado?
- Sim, já estou na
casa de um amigo.
- Em que bairro?
- No Trinta Bocas.
- Trinta bocas? Não
existe esse bairro em Fortaleza, não seria no Seis Bocas?
- Isso mesmo, no
bairro Meia Boca.
- Não é meia boca, é
um bairro nobre.
- Então deve ser cinco
bocas.
- Não. Seis Bocas! Entendeu?
Seis Bocas. Chamam assim porque há um encontro de seis ruas, por isso seis
bocas. Entendeu?
- Acabou?
- Não. Senhor é
proibido entrar no evento de sandálias. Coloque uma meia e um sapato...
(Professor Sandro Zanon - profzanon.blogspot.com.br)
quinta-feira, 17 de julho de 2014
meu pai
Aos
meus olhos de criança meu pai, obstinado ao trabalho, era um homem rude.
Quando nos juntávamos para rezar o terço de todos os dias intercalados
nos mistérios gozosos, dolorosos e gloriosos, cheios de “padre-nossos”,
ave-marias, glórias ao pai e ladainha, ele se limitava ao sinal da cruz
– era o que de reza sabia. Eu o olhava com ternura. Ele, meu pai, era
um homem bom.
quarta-feira, 16 de julho de 2014
VIVA EU, VIVA TU, VIVA O RABO DO TATU
Cabra cega. Essa era uma, entre tantas outras, das distantes brincadeiras da gurizada da minha rua que quando o sol se punha, avivava-se para um repertório de inocentes cantigas de rodas e desejos não tão inocentes assim.
Na brincadeira do passa anel, meninos e meninas ocultavam uns pelos outros o desejo de ser castigado. De ter de pagar com o castigo de um tímido beijo: paixão segredada! ...Por isso, dona Chica, faz favor de entrar na roda... Nada contra as opções sexuais nos dias de hoje, também naqueles idos dias, opções estranhas existiam, de forma pacata, mas existiam.
Quem chegar por último é mulher do padre e ninguém queria sê-lo. Entre os da minha tribo, os guris eram machos e as gurias eram fêmeas e as paixões eram tidas entre os diferentes e apenas a amizade, e o amor em sua essência, entre os iguais.
Não é preconceito, mesmo porque eu não o tenho, era, são e serão conceitos preestabelecidos em regras que foram criadas por alguém para serem perpetuadas pelos demais.
...Diga um verso bem bonito, diga adeus e vai embora.
Dos galhos podados das árvores resultavam pequenas cavernas, para onde nos metíamos para meditações sobre o nada.
Naqueles dias a inveja, o ódio e até mesmo a raiva eram sentimentos neutralizados pela alegria. O anel que tu me destes era vidro e se quebrou...
Com o advento da internet, do mundo ponto com, as coisas já haviam mudado. A TV e o sofá já haviam feito da sala a extensão da rua e o brilho da lua e das estrelas tornaram-se opacos.
Numa atitude insana, nos enveredamos por atalhos rumo à lei do menor esforço e ao colesterol.
Hoje não queremos mais saber com quem está o anel, do passa boi passa boiada..., da ciranda cirandinha, do dá um tapa na bunda e vai esconder, nem com quem está a feda. Hoje a onda é outra. É surf my brother! E ninguém é obrigado a pagar mico. Viva eu, viva tu. Viva o rabo do tatu.
É. Hoje os dias são outros, porém a corrida continua e quem chegar por último continuará sendo a mulher do padre. Céus, como era inocente a inocência de meus dias.
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