quinta-feira, 10 de junho de 2010

OS DIAS QUE CONTAM O TEMPO




Dia desses estive com uma amiga de infância da qual eu bem lembrava. Dela e dos chicletes que mascávamos juntos em coloridas aventuras mato a dentro.
Agora de seios muito mais crescidos e dedos mais alongados, pôs-se a dizer-me dos achocolatados temperos que eventualmente aromatizam suas aventuras.
Enquanto emudecia-me com suas histórias, ia rodeando os já ditos alongados dedos pelos sedosos e lisos cabelos que um dia foram crespos mas que um revolucionário método japonês os modificaram.
Teresa Raquel, a princesinha de outrora e do meigo olhar, envelhecera os dias e roubara da nossa rua o brilho das pedrinhas que fazíamos correr, com as enxurradas, sobre barquinhos de folhas de caderno.
Ingratidão para com a vida que descalça caminhava aqueles delicados pés, hoje em apertadas sandálias e embebidos em cremes que tentam, em vão, disfarçar o tempo.
Às margens do rio da onça eu sentei e não chorei porque não sou Paulo Coelho e não quero parafraseá-lo, mas, nas águas do rio da onça eu mergulhei e nadei. Mergulhei como quem mergulha na beleza de um sorriso. Nadei como quem nada sobre o nada que é infinito.
E Teresa Raquel não se deu conta da conta que contam os dias e que nos desnuda quando conta e relembra o nosso passado, no remake de uma história hoje vivida por dois adultos e atores medíocres que não dominam a cena por não saberem incorporar o mundo menino, não interpretado, mas, vivido por mim e por você Teresa, para quem eu gostaria de eternizar um discreto beijo.


Carlos Alberto de Lima

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